A nossa liberdade acaba quando começa a dos outros.
Ouvi esta frase muito pequena e desde então tem acompanhado a forma como me relaciono com os outros.
Penso que todos nós temos o dever de saber que existimos em sociedade e que a nossa liberdade está implicada directamente com a liberdade do próximo.
Não sou livre de fazer o que quero, á hora que quero, quando quero porque quero, se tudo isto irá implicar a liberdade de terceiros.
Não posso usar a liberdade para justificar actos que inflijam a liberdade dos outros.
Tenho carta de condução a alguns anos, e quando estou com amigos ou familiares no carro, existem sempre uma pequena discussão - a hora de estacionar - pois não entendem o meu comportamento.
Todas as pessoas deixam o carro onde quer que bem entendam. O primeiro problema é estacionarem os carros indevidamente, de forma a ocupar mais do que um lugar.
Eu sou incapaz de o fazer, pois por mais liberdade que tenha para estacionar o meu carro como quero, não posso por isso, prejudicar o condutor que se segue, que ficará sem espaço devido ao exercício da minha liberdade.
Prefiro perder mais alguns minutos, e fazer as manobras necessárias para que o meu carro ocupe apenas o espaço estritamente necessário para o efeito, sem que com isso perca a minha liberdade ou interfira com a dos outros.
Outra situação é o estacionamento em cima de passeios. É uma atitude banal, que toda a gente faz a toda a hora. Eu sou incapaz de colocar o carro em cima de um passeio.
Prefiro andar mais alguns metros, dar mais umas quantas voltas á procura de lugar, mas não sou capaz de colocar o carro onde é o sitio das pessoas caminharem. Ninguem tem que contornar o meu carro para conseguir andar na via publica, tendo até que por vezes caminhar na estrada devido aos carros estacionados no local, onde até é para os peões. Para não falar que pode uma pessoa de cadeiras de rodas querer passar e não conseguir, ou mesmo uma mãe com um carrinho de bebé.
Por mais comum que seja, e por mais que as pessoas que estão comigo no carro me digam para estacionar em cima do passeio, não sou capaz. Acho que não tenho o direito de com a minha atitude prejudicar os outros.
Quando vivemos em sociedade não nos podemos esquecer que as nossas atitudes interferem com os outros, como por exemplo, as pessoas que passeiam cães na rua sem trela.
Infelizmente em Portugal não existe maneira de controlar estes amantes de animais á solta.
Eu também tenho um cão, e por mais que me custe passear com ela de trela, pois o animal quer correr e passear, sou incapaz de o fazer, pois as pessoas que estão a passar na rua, não tem que ser incomodados por um animal que não consigo controlar.
E quando isso me acontece é comum ouvir as justificações dos donos : ele não faz mal, ele não morde.
Mas eu não tenho que ser obrigada a caminhar na rua e a ser interceptada por um cão sem trela.
Claro que existe os cães vadios, mas para esses basta chamar o canil municipal e não são em numero tão grande como os caezinhos com dono, que passeiam á solta.
Compreendo que as pessoas gostem de deixar os animais á vontade, mas para isso devem procurar sítios próprios, como terrenos baldios e zonas de fraca circulação de pessoas, de forma incomodar o mesmo possivel os outros.
São apenas alguns exemplos de como a nossa liberdade tem que ser defendida de uma forma responsável. A vida publica existe para nossa comodidade e podemos usa-la como bem entendermos desde que isso não intervenha com a liberdade que os outros também tem de a usar, mesmo que isso seja mais trabalhosos para nós – como andar mais uns metros do carro até ao destino, ou apanhar os dejectos que o nosso cão fez na rua.
Se todos fizermos exercício da nossa liberdade de uma forma mais responsável, a sociedade onde estamos inseridos, será sem duvida, um lugar muito mais agradável de viver.
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